Foto: Rebeca Garcia ...
Iniciativa da
Secretaria de Justiça e Cidadania aposta na economia circular, na
ressocialização e no fortalecimento da autoestima para transformar
vidas; primeira entrega desta etapa contemplou mulheres atendidas pelo
Instituto Inclusão, em Ceilândia
“Essa bolsa caiu do céu. É
o primeiro passo para uma nova fase na minha vida: de empreendedora.
Quero revender tudo e transformar isso em um recurso que mude minha
história”, disse emocionada Claudineia Mendonça, 27 anos, desempregada,
ao receber uma das 50 bolsas entregues na tarde desta segunda-feira (11)
pela campanha Fazer o Bem Tá na Moda. Dentro, roupas e produtos de
excelente qualidade — um incentivo concreto para que ela inicie uma
atividade própria e conquiste independência financeira.
A entrega, realizada na sede do Instituto Inclusão de Desenvolvimento e
Promoção Social, em Ceilândia Norte, marcou a primeira distribuição
desta nova etapa da iniciativa da Secretaria de Justiça e Cidadania do
Distrito Federal (Sejus-DF), que promove o empreendedorismo feminino e o
fortalecimento da autoestima de mulheres em situação de
vulnerabilidade. O Instituto acolhe pessoas em situação de rua
encaminhadas pela Central de Vagas do GDF e oferece atendimento
psicossocial, psicopedagógico e oficinas de capacitação.
Entre
as contempladas estava também a trancista Giane Assunção Martins, 32
anos, moradora de Taguatinga Norte, mãe de três filhos. “Não me acho
muito boa para vender, mas esta bolsa cheia de peças sofisticadas mexeu
com a minha autoestima. Não é porque a mulher está em vulnerabilidade
que ela não pode ter vaidade. Se trabalho fazendo tranças, preciso estar
com o cabelo impecável; se estou bem vestida, valorizo meu trabalho. As
clientes não me veem como desleixada. Esse projeto nos ajuda a
brilhar.”
Mais que doação: uma rede de oportunidades
Na prática, a campanha seleciona e convida 200 mulheres do DF que já
têm independência financeira para montar, individualmente, uma bolsa com
roupas, sapatos, acessórios, joias e bijuterias em bom estado. Cada uma
dessas bolsas, confeccionadas por mulheres privadas de liberdade na
Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap-DF), é destinada a 200
mulheres em situação de vulnerabilidade social, indicadas por
instituições parceiras da Sejus.
Mais do que uma ação de
arrecadação, a iniciativa aposta na economia circular, na
ressocialização e no incentivo ao empreendedorismo feminino como
ferramentas de mudança. Cada bolsa carrega não apenas itens de
qualidade, mas também histórias de superação e recomeço.
A
secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, idealizadora da
campanha, ressaltou o alcance da iniciativa. “Essa ação é grandiosa
porque transforma tanto quem doa quanto, principalmente, quem recebe.
Mais do que roupas e acessórios, entregamos oportunidades e esperança
para que essas mulheres reescrevam suas histórias.”
Para Taisa
Souza, gestora do Instituto Inclusão, a entrega representa um estímulo
direto à autonomia das participantes. “Vamos trabalhar com essas
mulheres a economia solidária. Elas serão orientadas para a venda e
pretendemos organizar um bazar solidário na instituição. É uma ação que
reacende a esperança.”
Educação financeira como diferencial
A segunda edição da campanha trouxe um componente inédito: após
receberem as bolsas, as participantes participaram de uma aula do curso
Protagonista da Casa, da Sejus, dedicada à educação financeira. O
encontro apresentou orientações práticas sobre orçamento doméstico
funcional, economia no dia a dia, planejamento financeiro e gestão
responsável dos recursos.
A consultora de finanças pessoais
Andressa de Paula conduziu a atividade, reforçando o objetivo da
formação. “Queremos que essas mulheres desenvolvam uma nova relação com o
dinheiro. A proposta é mostrar que, mesmo com pouco, é possível se
organizar, poupar e transformar a realidade. Essa mudança começa pela
consciência”, afirmou.
Desde dezembro do ano passado, quando
iniciou a campanha Fazer o Bem Tá na Moda, realizada pela Sejus, já
foram contempladas 250 mulheres em situação de vulnerabilidade. Nesta
segunda edição, outras 150 bolsas ainda serão entregues a beneficiadas
indicadas por instituições parceiras. A terceira edição já tem data
marcada: 19 de agosto, quando mais 200 mulheres serão convidadas a
montar novas bolsas que serão destinadas a outras participantes.
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